20080528

Lysergsäurediethylamid

Informação. Em Julho de 1969, Joseph E. Bogen publicou seu artigo revolucionário "O Outro Lado do Cérebro: uma Mente Aposicional". Nesse artigo, ele citou um obscuro dr. A. L. Wigan, que escreveu em 1844:

"A mente é essencialmente dual, como os órgãos pelos quais é exercitada. Essa idéia me ocorreu e eu a analisei por mais de um quarto de século, sem conseguir uma só objeção válida ou mesmo plausível. Acredito que sou capaz de provar (1) que cada metade do cérebro é um todo distinto e perfeito como órgão do pensamento; (2) que um processo separado e distinto de pensamento ou raciocínio pode ser realizado em cada metade do cérebro simultaneamente.

"Os dados indicam que o lado menor e mudo é especializado na percepção Gestalt, sendo principalmente um sintetizador ao lidar com as informações recebidas. O hemisfério maior e falante, ao contrário, parece operar de maneira mais lógica, analítica, como de computador, e as descobertas sugerem que um possível motivo para a laterização cerebral no homem é uma incompatibilidade fundamental de funções de linguagem, de um lado, e funções de percepção sintética, de outro.

"Essa conclusão encontra sua prova experimental no animal de cérebro dividido cujos dois hemisférios podem ser treinados para perceber, considerar e agir de forma independente. No ser humano, em que o pensamento proposicional em geral é lateralizado em um hemisfério, o outro hemisfério evidentemente se especializa em um modo diferente de pensamento, que pode ser chamado aposicional. As regras ou métodos pelos quais o pensamento proposicional é elaborado 'nesse' lado do cérebro (o lado que fala, lê e escreve) têm sido submetido a análise de sintaxe, semântica, lógica matemática, etc. há muitos anos. As regras pelas quais o pensamento aposicional é elaborado no outro lado do cérebro precisarão de estudo por muitos anos ainda.

"Quando o quiasma ótico de um gato ou de um macaco é dividido sagitalmente, as informações recebidas pelo olho direito vão somente para o hemisfério direito e, da mesma forma, o olho esquerdo informa somente ao hemisfério esquerdo. Se um animal com essa operação é treinado para escolher entre dois símbolos enquanto usa somente um olho, testes posteriores mostram que ele pode fazer a escolha adequada com o outro olho. Mas, se as comissuras, em especial o corpo caloso, forem seccionadas antes do treinamento, o olho inicialmente coberto e seu hemisfério ipsolateral deverão ser treinados desde o início. Isto é, o treinamento não será transferido de um hemisfério para outro se as comissuras forem cortadas. Esse é o experimente de divisão cerebral fundamental de Myers e Sperry (1953; Sperry, 1961; Myers, 1965; Sperry, 1967).

"Todas as evidências indicam que essa separação dos hemisférios cria duas esferas independentes de consciência em um único crânio, isto é, dentro de um único organismo. Essa conclusão é perturbadora para algumas pessoas, que vêem a consciência como uma propriedade indivisível do cérebro humano. Parece prematuro para outros, que insistem em que as capacidades até agora reveladas pelo hemisfério direito permanecem no nível do automatismo. Há, certamente, desigualdade hemisférica nos casos presentes, mas pode bem ser uma característica dos indivíduos que estudamos. É inteiramente possível que, se um cérebro humano fosse dividido em uma pessoa muito jovem, os dois hemisférios poderiam, por consequência, desenvolver de forma separada e independente funções mentais de uma ordem superior ao nível que corresponde somente ao hemisfério esquerdo de indivíduos normais.

"O cérebro dos animais superiores, inclusive o homem, é um órgão duplo, consistindo em hemisférios direito e esquerdo, conectados por um istmo de tecido nervoso chamado corpo caloso. Cerca de 15 anos atrás, Ronald E. Myers e R. W. Sperry, então na Universidade de Chicago, fizeram uma descoberta surpreendente: quando essa conexão entre as duas metades do cérebro foi cortada, cada hemisfério funcionou de forma independente, como se fosse um cérebro completo."

(In: O HOMEM DUPLO. Dick, Phillip K. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. págs. 126-138)

Um comentário:

disse...

É por essa e por outras que eu não sou muito chegado na academia. Informação demais sobrecarrega qualquer sistema.